terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Entrevista: Renata Petta

Nesta entrevista ao site ujs.org.br, Renata Petta, diretora de movimento estudantil universitário da UJS, fala sobre o movimento estudantil sob o governo Lula, aponta perspectivas de lutas a serem travadas pelos avanços no próximo governo e sobre o CONEB e a Bienal da UNE.

O atual governo termina este mês. Quais avanços e limites você apontaria neste ciclo que se encerra?

RP: Algumas características do governo Lula foram marcantes e acabaram por delinear um novo momento para o país. Uma delas é o trato democrático, de diálogo franco com os movimentos sociais, de que são prova as dezenas de conferências realizadas e a abertura do presidente e dos ministérios para receber as demandas trazidas pelos movimentos, sendo algumas atendidas e outras, não.

O movimento estudantil, por meio da UNE e da UBES, também soube se colocar à altura do momento: recusaram o atrelamento, pressionaram por mudanças e fizeram as críticas sempre que necessário (o Meirelles que o diga); mas também não se furtaram a apoiar as coisas positivas, como o ProUni, o Reuni etc. E é importante dizer que essa política autônoma produziu conquistas, como a ampliação das federais, o novo FIES, o Plano Nacional de Assistência Estudantil e outras. Aliás, recentemente foram duas das mais emblemáticas: o reconhecimento da responsabilidade do Estado e a conseqüente reparação à UNE em relação à sede no Flamengo e a conquista dos 50% do Fundo do Pré-Sal para a educação.

A eleição de Dilma representou a vitória deste projeto iniciado por Lula. Quais são as expectativas agora?


RP: A expectativa principal é por mais avanços, é para isso que vamos lutar. A própria Dilma disse, na campanha, que para ela continuar este projeto significava “avançar, avançar e avançar”. É isso que vamos cobrar. Até porque, se é verdade que o Brasil tem mudado para melhor, é também verdade que persistem obstáculos importantes para darmos definitivamente um salto adiante.

A universidade pública ainda é para poucos, tem muito que melhorar e ser repensada para que esteja concatenada a um projeto nacional de desenvolvimento voltado para os interesses do Brasil e dos brasileiros. Para conseguir este novo patamar será preciso muita luta do movimento social, coisa que se faz nas ruas, ganhando a população para esse projeto. Por isso, vamos convocar uma grande Jornada de Lutas dos estudantes já para o início de 2011, buscando entre outras coisas a aprovação do Plano Nacional de Educação.

O CONEB, a Bienal e o Encontro de Grêmios acontecem no primeiro mês do novo governo. Tem relação com isso que você dizia acima?

RP: É claro. A UJS encarou desde o início estas atividades como o cartão de visitas do movimento social para o novo governo. Porque há o perigo, como nosso campo venceu as eleições, de pender para a mera continuidade. Nós dizemos que não: esta não é a última atividade sob governo Lula, mas sim a primeira sob governo Dilma. Isso faz toda a diferença.

Será também um momento especial para aprovar uma plataforma que sinalize o que os estudantes querem de conquistas no governo Dilma e para o lançamento dessa Jornada de Lutas. Por isso, a mobilização de milhares de CAs e DAs é decisiva para o sucesso da atividade. Por fim, serão eventos que podem inaugurar uma nova marca do movimento estudantil brasileiro: mobilização de milhares de estudantes – universitários, secundaristas e pós-graduandos – de maneira unificada no início do ano.

Como parte de tudo isso, nessa ocasião vamos lançar nosso movimento para o Congresso da UNE, certo?


RP: É verdade. Utilizaremos toda essa efervescência política para apresentar aos estudantes o movimento que a UJS protagonizará para o Congresso da UNE. É bom que se diga que esse movimento já está em curso nas universidades e está ligado a este clima de conquistas que expus antes.

Falta ainda sintetizarmos esse conjunto de idéias em um nome, como foi o “Da Unidade Vai Nascer a Novidade” no último período. Um nome que traga a idéia deste momento que vamos viver e seja capaz de mobilizar estudantes em todo o Brasil. Aliás, quem quiser contribuir para acharmos esse nome, pode começar aqui mesmo no nosso site.

Fonte: UJS.org.br