sexta-feira, 2 de setembro de 2011

UJS + Linhares + ES <> UJS lança movimento "Tenho algo a dizer" ao 39º congresso da Ubes

Na manhã desta sexta-feira (2), durante os debates do 13º Conselho Nacional de Entidades Gerais da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Coneg da Ubes), a União da Juventude Socialista (UJS) lançou seu movimento, "Tenho algo a dizer", ao 39º Congresso da Ubes.


UJS
 
Com muita irreverência e combatividade o movimento secundarista da UJS se desafia a construir a maior mobilização do movimento estudantil ate o final do ano, momento em que ocorrerá a etapa nacional do congresso da ubes.

Depois de construir uma belíssima passeata nas ruas de brasília, pedindo a queda dos juros do Banco Central e mais verbas para educação, o movimento secundarista "tenho algo a dizer" construirá grandes debates em todas as escolas do Brasil com o objetivo de traçar os rumos do movimento estudantil para o próximo período. São objetivos do movimento "Tenho algo a dizer" intenssificar a luta pelos 10% do PIB para educação, aprovação dos 50% do fundo social do pré-sal para e educação, além de regulamentar o Pronatec que foi aprovado esta semana no congresso nacional e que criará 3 milhões de novas vagas no ensino técnico brasileiro.

Combate à violência nas escolas e à homofobia foram citadas pela diretoa de movimento estudantil secundarista da UJS como pautas importantes da Ubes.

Anne Cabral, diretora de movimento estudantil da UJS, afirmou no ato de lançamento da campanha ao congresso da Ubes que "além das bandeiras históricas, o movimento tenho algo a dizer, busca enfrentar outros problemas da escola brasileira, como a violência que tem atingido alunos e professores, a homofobia que tem feito muitas vítimas dentro das salas de aula". Anne ainda afirmou que " o movimento busca reconciliar a comunidade escolar entorno de um projeto modernizante de educação, que atualize as praticas escolares e que traga de volta ao banco das escolas quase cinco milhões de brasileiros e brasileiras que tiveram de abandonar os estudos para poder trabalhar".

Ouça a música do movimento tenho algo a dizer

Fonte: UJS

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Estudantes se reúnem com Dilma e pautam investimentos em educação

Representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) reuniram-se com a presidente Dilma Roussef nessa quarta-feira (31). As duas bandeiras principais do movimento são a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) e de 50% dos recursos do fundo social do pré-sal para a educação. Na parte da manhã, a Marcha dos Estudantes lavou a porta do Banco Central exigindo a redução dos juros.


 
José Cruz/ABr


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A demanda ocorre dois dias depois de o governo anunciar a ampliação em R$ 10 bilhões da meta de superavit neste ano. “O Brasil gasta um valor exorbitante com pagamento de dívida pública e gasta menos de 5% em educação”, criticou o presidente da UNE, Daniel Iliescu.

Além de mais investimentos, os estudantes também cobram o fim do analfabetismo até 2016, a garantia de recursos para a conclusão das obras do Reuni (programa de expansão universitária do governo federal), o reajuste imediato nos valores das bolsas para pós-graduação e a ampliação dos Institutos federais, entre outros.

Pauta extensa


“A presidenta não se pronunciou pontualmente sobre cada um dos os 43 itens da nossa pauta, mas determinou que os ministros Fernando Haddad (Educação) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência), presentes a reunião, ficassem responsáveis por nos dar uma resposta mais efetiva, em médio prazo”, disse o presidente da UNE, Daniel Iliescu. “Ela demonstrou particular simpatia pela nossa reivindicação de que metade do fundo social do Pré-sal seja destinado à área.”

"A presidente disse que está aberta ao debate e que é importante que a sociedade apresente suas demandas", afirmou o presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Yann Evanovick, acrescentando que o local de debates será o Congresso, onde tramita o Plano Nacional de Educação (PNE).

A presidente da ANPG reforçou as bandeiras unitárias, pautou o reajuste das bolsas de mestrado e doutorado, há mais de três anos sem nenhum aumento e defendeu o fortalecimento do sistema nacional de bolsas: “apresentei à presidenta Dilma que, para além de financiar bolsas no exterior, como prevê o programa Ciência Sem Fronteiras, é importante que o governo apresente também uma política geral de formação científica para os jovens brasileiros. Intensificar programas como PIBIC e PET, ampliar o PIBIC Jr. e valorizar as bolsas de mestrado e doutorado seria essa sinalização. Ela respondeu que gostou da proposta, em especial da Iniciação Científica (IC), e que refletirá com muito carinho a respeito”.


Marcha dos Estudantes

A reunião dos estudantes com Dilma, no Palácio do Planalto, ocorreu após a Marcha dos Estudantes na Esplanada dos Ministérios. O protesto reuniu cerca de 20 mil pessoas e contou com a participação da líder estudantil chilena Camila Vallejo. Além das pautas específicas do movimento estudantil, o protesto também fez reivindicações no campo econômico. Os estudantes cobraram a queda da taxa de juros do Banco Central, o fim do superávit primário e a redução da jornada de trabalho sem redução de salário.

Da redação, Luana Bonone, com agências

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Camila Vallejo está no Brasil e concede entrevista à UNE

No Brasil à convite da União Nacional dos Estudantes (UNE), a estudante chilena Camila Vallejo concedeu uma entrevista ao site oficial da entidade estudantil brasileira, onde reforça seus ideais e sua militância além da universidade. "É preciso deixar para trás a ideia de que a política pertence a poucos, e se aproximar rapidamente de um cenário mais democrático a partir do qual poderemos construir e defender propostas pelas transformações que o Chile precisa".


Camila Vallejo no Brasil A estudante chilena Camila Vallejo / crédito: Wilson Dias/ABr


Quem acompanha os protestos estudantis no Chile e já teve a oportunidade de assistir vídeos, como o que está abaixo, sabe que Camila Vallejo não vacila. Esbanja conhecimento e pulso firme ao responder perguntas para a imprensa sobre a situação da educação em seu país e fala com convicção a respeito de uma grande unidade existente no Chile, quando explica o movimento do qual faz parte e que tem levado para as ruas, há mais de três meses, milhares de estudantes e trabalhadores. O presidente da UNE, Daniel Iliescu, teve a oportunidade de participar de um desses protestos, a greve nacional, nos dias 24 e 25 de agosto, com adesão de mais de 250 mil pessoas.

 
Camila destaca que essa manifestação foi a maior mobilização pós-ditadura e não foi convocada somente pelos trabalhadores de cobre, mas pela Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), que se juntou aos estudantes universitários e secundaristas, aos trabalhadores do setor público, sindicatos de transportes, entre outros.

“O Chile tem um grito bastante recorrente em manifestações públicas que diz: ‘Avante, avante, trabalhador e estudante’. Eu acho que esta jornada de 48 horas de protesto, paralisação e de mobilização, representa muito bem o espírito por trás desse grito”, conta ao site oficial da União Nacional dos Estudantes (UNE) Vallejo, que é presidente da Federação dos Estudantes da Universidade do Chile (FECh).

Foi também durante esse levante, que resultou na prisão de milhares de manifestantes e na morte do jovem Manuel Gutiérrez, de 16 anos, que surgiu o convite da UNE para que Camila viesse ao Brasil se integrar à grande marcha dos estudantes brasileiros nesta quarta-feira, dia 31. Mesmo com a sua rotina frenética, ela topou a parada e está em Brasília para lançar a jornada continental de lutas da juventude latino-americana.

Essa rotina de manifestações tem ocupado quase a totalidade do tempo da jovem estudante, o que não impede, no entanto, de tentar levar uma vida normal. “Este ano, como presidente da FECh, pouco tempo me resta para qualquer coisa além da política e das responsabilidades de meu cargo. Mas, isso não significa que não esteja desfrutando da minha juventude. A política é uma atividade que pertence à sociedade como um todo, portanto, o trabalho de representar e ser parte ativa na mesma compete também aos jovens – com o compromisso, vitalidade e convicção que nos caracterizam”, pontua a aluna de geografia, que ganhou notoriedade internacional nos últimos meses.

O site oficial da UNE dá as boas vindas à Camila e deseja vida longa à luta dos estudantes chilenos. Abaixo, confira o bate-papo com a líder estudantil. Vale a pena conhecer um pouco mais dessa menina de 23 anos que tem mudado o rumo da política no Chile.

UNE: Como foi sua aproximação com a política? Como passou a militar no movimento estudantil?
Camila Vallejo: Desde muito jovem, minha família me formou com valores políticos de esquerda, como democracia e justiça social. Com esta sensibilidade à esquerda é difícil manter-se fora da política e dos espaços que permitem fazer a mudança, especialmente em uma sociedade tão desigual e injusta como a do Chile. Foi assim que me interessei em fazer parte da política, desde muito jovem. Tal vontade se acentuou com a entrada na faculdade, de onde, finalmente, veio a adesão à juventude comunista. A partir deste momento, comecei a ser uma parte ativa de um movimento que tem sido gestado com trabalho, empenho e companheirismo.

UNE: O movimento que se fortaleceu este ano é herdeiro da Revolução dos Pinguins em 2006? Quais são os elementos de continuidade e diferença?
CV: Eu não o chamaria de um herdeiro, mas, certamente, possuem uma relação. Em 2006, quando eu era caloura na Universidade do Chile, estudantes do ensino médio foram capazes de instalar na agenda política de Bachelet a questão da educação, com demandas que acabaram sendo tão profundas como mudar o modelo educacional que nos foi dado desde a ditadura militar. A principal diferença entre este movimento, é que, agora, podemos ver todos os setores sociais mobilizados. No começo, o movimento surge essencialmente nos setores universitários, depois vai tomando conta e se espalhando por todo país se transformando em uma das maiores mobilizações desde o retorno à democracia no Chile.

UNE: Qual é o balanço que você pode fazer como presidente da FECh (Federação dos Estudantes da Universidade do Chile), especialmente, nos últimos meses? Qual foi o estopim dessa nova onda?
CV:
Faria um balanço muito positivo. Por um lado, esta intensa mobilização nos impediu de avançarmos em alguns aspectos do nosso programa interno. Mas, os avanços que tivemos com a FECh são qualitativamente muito superiores ao ano anterior. Retomamos um papel importante para que os estudantes – e nossa Federação – voltassem a ser novamente atores políticos de importância nacional, cujas opiniões têm um impacto real nos debates históricos sobre a sociedade. Desta forma, temos reavaliado o valor da organização dentro de nossa própria universidade, transcendendo as barreiras estudantis e nos permitindo avançar e nos envolver ativamente nos debates. É preciso deixar para trás a ideia de que a política pertence a poucos, e se aproximar rapidamente de um cenário mais democrático a partir do qual poderemos construir e defender propostas pelas transformações que o Chile precisa.

UNE: A principal bandeira de luta é a educação de qualidade e gratuita para os jovens, certo? Como você enxerga o cenário ideal, levando em consideração a realidade de hoje no Chile?
CV: É claro que a educação gratuita é uma ideia política que queremos instalar, mas sabemos que não será uma realidade em curto prazo. Antes de tal transformação, é necessário promover uma reforma tributária que impeça a diferença socioeconômica entre ricos e pobres que há hoje no Chile. No entanto, lutamos contra um modelo essencialmente neoliberal, que vê a educação como um bem de mercado – como diz o próprio presidente do Chile – e não como um direito, visão intransigentemente defendida pela direita que chegou ao governo através de [Sebastian] Piñera. Esperamos mudar as raízes de um modelo educacional que nos mantém no subdesenvolvimento.

UNE: Neste momento, como estão as negociações com o governo, e quais são as principais conquistas do movimento?
CV:
Este governo tem se mostrado intransigente na hora de negociar sobre o modelo educacional que instalaram desde a ditadura militar. Não é só isso, tem se demonstrado disposto a levantar a face mais repressiva, não ouvindo as demandas legitimas e respaldadas por um movimento que as próprias pesquisas mostram ter uma aprovação superior a 80%. Até agora uma das grandes conquistas do movimento tem sido consolidar uma aprovação transversal e unificada na sociedade. Agora, depois de muitas pressões da nossa parte, estamos próximos de sentar à mesa e enfrentar cara a cara um diálogo com o presidente. Esperamos que neste espaço possamos avançar em questões concretas sobre nossas reivindicações. E que não voltem a faltar com respeito ao movimento, com uma soma de dinheiro cheia de ambiguidades, que não nos garante nenhum dos princípios que já defendemos nas ruas há três meses.

UNE: Há quanto tempo a Universidade não é mais gratuita no Chile? Explique melhor a questão do endividamento dos alunos.
CV:
Desde a ditadura militar, que foi quando mudou o modelo educacional no Chile. O Estado deixou de ser responsável pela educação em todos os níveis e tem um papel meramente subsidiário, deixando o trabalho para o ensino privado, a quem também é concedido o direito de lucrar o dinheiro de todos os chilenos, sob o pretexto de garantir a "liberdade de ensino". Como hoje a educação não é concebida como direito, mas sim como um bem de consumo, para obtê-la é preciso pagar. E como as universidades públicas não recebem aportes do Estado para a altura dos seus orçamentos, elas têm sido forçadas a se envolver em autofinanciamento, o que significa, em palavras simples, que o seu faturamento vem principalmente das taxas pagas pelas famílias. Neste contexto, as quantias necessárias para que as universidades possam realizar seu trabalho é muito mais alta em comparação aos rendimentos recebidos por famílias chilenas. Por isso hoje, basicamente, quem quer estudar tem que se endividar, porque somente uma pequena porcentagem da sociedade tem condições de pagar altos preços pelos estudos.

UNE: Quais são as outras questões do debate? Dentro do movimento estudantil estas questões já ultrapassaram a questão educacional?
CV: Um movimento social desta magnitude exige ao governo e ao parlamento governar de acordo com as demandas que estão se defendendo nas ruas. Pode-se notar que a democracia no Chile não dá a possibilidade de se fazer uma sociedade verdadeiramente participativa. Desta maneira, surgem automaticamente demandas por mais democracia e reformas constitucionais relevantes para atingir esse objetivo, por exemplo, que nos permitam deliberar como nação por meio de um plebiscito vinculativo. Lembramos que a Constituição chilena foi feita durante a ditadura e sem o apoio da nação. Uma situação terrível para um país que se diz passar vinte anos vivendo em uma democracia.

UNE: Ocorreu no começo de agosto, no Uruguai, o 16 º OCLAE, com a participação de milhares de estudantes de todo o continente. Qual a sua opinião sobre um intercâmbio político mais eficaz entre os estudantes da América Latina?
CV: Entendo que é absolutamente necessário. Os estudantes são atores políticos presentes na América Latina. Por isso, é claro que a nossa política deve convergir no mesmo sentido de que os diferentes países deveriam se alinhar em torno de demandas que, evidentemente, nos convocam por igual, dada as semelhanças de uma região em subdesenvolvimento, produto do capitalismo e da opressão que os EUA geram sobre nós até hoje. Instâncias como o OCLAE devem ser muito mais presentes, tanto para estudantes como para todos os tipos de organizações latino-americanas.

UNE: A UNE convidou você para a “Marcha dos Estudantes” brasileiros, que irá encerrar o "Agosto Verde Amarelo", série de manifestações que defendem que 10% do PIB e 50% do fundo social do pré-sal do Brasil sejam destinados para a educação. Vocês estão defendendo no Chile algo parecido com isso em relação ao cobre, não é?
CV: De fato, há semelhanças nas reivindicações. O Chile é um país muito rico em recursos naturais, o que não condiz com os baixos níveis de habitação, saúde e educação, entre outros. Isso se deve, principalmente, à privatização dos recursos naturais, e a enorme condescendência que se tem este setor. Trata-se de compensação tributária. Quando exigimos um aumento substancial dos recursos públicos na educação, nos perguntam frequentemente “e onde obteremos esses recursos?” Do cobre, respondemos. Da nacionalização de nossos recursos naturais.

UNE: Sabemos que estuda Geografia. Em que período da formação você está? Você consegue conciliar os estudos e a militância?
CV: Já sou graduada em Geografia e sem dúvida ser presidente da FECh significou um custo acadêmico que, desde a minha nomeação para o cargo, estive disposta a assumir. O trabalho político exige bastante tempo e dedicação, mas não inviabiliza o trabalho acadêmico na medida em que você se organiza. No entanto, a militância é algo que vai muito além do meu tempo na universidade, é um compromisso para a vida, que sempre significará sacrifícios de toda espécie. Obviamente, nem todo mundo está disposto a assumir isso, mas de minha perspectiva comunista, creio que não só vale a pena, como é imprescindível na luta por um país mais justo.

UNE: Após os primeiros protestos, a mídia manifestou com mais frequência, ou com maior ênfase, a questão da sua beleza física, em detrimento de suas qualidades e habilidades intelectuais. Isso te incomoda?
CV: Esses tipos de ataques vieram principalmente dos setores de direita, que têm o domínio da grande maioria dos meios de comunicação e, em minha opinião, representam uma estratégia bastante covarde, baixa e, sobretudo, fracassada, para desacreditar um movimento que hoje está mais forte do que nunca. Me parece que ainda há meios essencialmente machistas e misóginos que tentam fazer disto um tema. O movimento, a sociedade e o Chile têm sido capazes de avançar, valorizando muito mais a clareza de conteúdo e a transversalidade do apoio, do que aquilo que eles chamam de "um rostinho bonito". Como disse, parece-me um despropósito argumentar que, com os níveis de organização, solidez e transversalidade do debate sobre educação e democratização no Chile, a aparência física ainda seja assunto.


Fonte: UNE